terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Educação






Educação engloba os processos de ensinar e aprender.

É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade.

sábado, 12 de outubro de 2013

ALUNOS DEFICIENTES INCLUÍDOS NO ENSINO REGULAR JÁ SÃO 75%

ALUNOS DEFICIENTES INCLUÍDOS NO ENSINO REGULAR JÁ SÃO 75% MÃE DEFENDE CONVIVÊNCIA E COBRA QUALIDADE Em 1998, apenas 13% dos Alunos deficientes frequentavam classes regulares no Brasil. A imensa maioria estava em instituições como as Apaes (Associações de Pais e Amigos de Excepcionais) e o Instituto Pestalozzi especializados no atendimento exclusivo de crianças e adolescentes deficientes. O caminho aberto por legislações e documentos como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Declaração Mundial de Educação para Todos, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) de 1996 e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU (Organização das Nações Unidas) reverteu esse quadro. Em 2012, dos mais de 820 mil Alunos deficientes no Brasil, 75% (620 mil) já estavam em classes regulares, convivendo com Alunos sem deficiência, segundo dados do Censo Escolar do Ministério da Educação. Silvia Ruiz, mãe do autista Tom Ruiz Garcia, de três anos, defende a inclusão, mas cobra qualidade e preparo das Escolas para receber os Alunos deficientes. — Para mim este assunto não tem nem discussão. É um direito que toda criança tem e não pode ser negado. O Brasil assinou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU que prevê a inclusão de todas as crianças em Escolas regulares. Ela lembra que a busca para encontrar uma Escola que aceitasse seu filho foi difícil. — Nenhuma Escola quer receber uma criança com autismo, ou com qualquer deficiência, porque isso implica em ela ter que se adaptar. Precisa fazer mudanças, mudar a maneira de atender, rever suas políticas internas. A desculpa sempre é a mesma: "Nós não estamos preparados, procura outra Escola que esteja”. A Escola é obrigada não só aceitar como dar todas as condições necessárias. http://www.r7.com/

Coletânea resgata as trajetórias escolares e de vida de alunos com deficiência que concluíram o ensino superior

Coletânea resgata as trajetórias escolares e de vida de alunos com deficiência que concluíram o ensino superior Os relatos de 20 pessoas com deficiência que concluíram o ensino superior dão vida à coletânea Trajetórias escolares de alunos com deficiência, organizado pela educadora Katia Regina Moreno Caiado, lançamento da EdUFSCar. Os textos reunidos nesta coletânea são resultados da pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Direito à Educação-Educação Especial (NEPEDE’Es), da UFSCar e financiada pelo CNPq. O trabalho teve como objetivos conhecer os percursos da vida de pessoas com deficiência que concluíram o ensino superior; estudar as disposições que promoveram o desempenho escolar no processo de escolarização da pessoa com deficiência – da educação básica à educação superior; e analisar a trama social que possibilitou a superação da deficiência enquanto fator de incapacidade e fracasso escolar. Organizada em nove capítulos, a coletânea reúne textos que tiveram como base fontes orais, ou seja, relatos ou depoimentos orais registrados a partir de entrevistas, focadas em três eixos temáticos: contexto familiar, processos de escolarização e convívio social. Todas as entrevistas foram transcritas, lidas, relidas e debatidas até que emergiram as temáticas de análise que respondiam a uma das preocupações centrais do estudo: analisar as trajetórias individuais enquanto um fragmento, ou uma síntese, que conserva múltiplas e complexas determinações da vida humana. Trajetórias escolares de alunos com deficiência é um importante referencial para a formação de professores, que poderão conhecer as nuances da vida de pessoas com deficiência que enfrentaram inúmeros desafios para concluir o ensino superior. A coletânea contribui para que os professores possam compreender seus alunos para além das deficiências que marcam seus corpos e impulsioná-los para a vida. Sobre a organizadora – Katia Regina Moreno Caiado é formada em Pedagogia pela PUC de Campinas, com mestrado em Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial) pela Universidade Federal de São Carlos e doutorado em Educação pela USP. Atualmente é professora adjunta no Centro de Educação e Ciências Humanas, na Universidade Federal de São Carlos. Docente permanente no Programa de Pós Graduação em Educação Especial (campus São Carlos) e do Programa de Pós Graduação em Educação (campus Sorocaba). Título: Trajetórias escolares de alunos com deficiência Organizadora: Katia Regina Moreno Caiado http://www.saocarlosoficial.com.br/noticias/ Fonte: São Carlos Oficial – NOTÍCIAS

sábado, 28 de setembro de 2013

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Comissão aprova ensino de Libras e vaga para professor surdo nas escolas
A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou no dia 22/08 proposta que torna obrigatória a oferta do ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para os estudantes de todos os níveis e modalidades da educação básica, nas instituições públicas e privadas de ensino. Segundo o texto, as escolas também deverão reservar ao menos uma vaga para professor surdo, salvo se não houver profissionais disponíveis. O texto aprovado é um substitutivo do deputado Walter Tosta (PSD-MG) ao Projeto de Lei 2040/11, do Senado. Originalmente, o PL 2040/11 torna obrigatório o ensino de Libras apenas para os alunos surdos. O relator ampliou essa exigência e também acolheu sugestões do PL 2391/11, do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que prevê a presença de professores surdos nas escolas. O substitutivo estabelece que as condições de oferta do ensino de Libras serão definidas em regulamento dos sistemas de ensino. Esses regulamentos deverão dispor sobre a necessidade de professores bilíngues, de tradutores e intérpretes e de tecnologia de comunicação em Libras; e sobre o acesso da comunidade estudantil ouvinte e dos pais de alunos com deficiência auditiva ao aprendizado de Libras. Se o projeto virar lei, as escolas terão o prazo de três anos para cumprir as exigências. Walter Tosta afirma que a proposta é complementar ao Projeto de Lei 6706/06, que trata do mesmo tema e já foi aprovado pela Câmara. Esse projeto aguarda votação no Senado. Tramitação O PL 2040/11 ainda será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de seguir para o Plenário. Íntegra da proposta: PL-2040/2011 - http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=515874 http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/424823-COMISS AO-APROVA-ENSINO-DE-LIBRAS-E-VAGA-PARA-PROFESSOR-SURDO-NAS-ESCOLAS.html

quarta-feira, 23 de maio de 2012

COMISSÃO APROVA PROJETO QUE INCLUI LÍNGUA DE SINAIS EM ESCOLAS

Após ser modificado na Câmara, o projeto que exige o Ensino da língua brasileira de sinais (Libras, usada por pessoas surdas) na Educação básica avança no Senado.
A proposta foi aprovada na Comissão de Direitos Humanos ontem e agora será enviada à Comissão de Educação. O texto teve origem no PLS 180/04, da então senadora Ideli Salvatti. Com as alterações feitas na Câmara, foi transformado em substitutivo. As mudanças ampliaram o foco da proposta, exigindo também o Ensino do sistema braile (para cegos) e do tadoma (para pessoas que são simultaneamente surdas e cegas). O substitutivo também acaba com a possibilidade de segregação dos Alunos com deficiência em classes ou Escolas especiais. A medida teve o apoio de Cristovam Buarque (PDT-DF), relator da matéria na CDH. Ele argumenta que esse tipo de segregação é "contraditório com a ideia de inclusão ampla”. Wellington Dias (PT-PI) também apoiou. Ele, que atuou ontem como relator ad hoc, disse que a iniciativa é "revolucionária, pois exige que o Ensino das línguas se estenda às pessoas que estão no entorno dos Alunos com necessidades especiais”. http://www12.senado.gov.br/noticias/jornal/edicoes/2012/05/18

quarta-feira, 2 de maio de 2012

HÁ 10 ANOS A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS PROMOVE INCLUSÃO

Há dez anos, a língua brasileira de sinais (libras) passou a ser reconhecida como meio legal de comunicação e expressão pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Passada uma década, observa-se maior inclusão de pessoas com deficiência auditiva nas escolas regulares.
Dominar a libras permite às pessoas com deficiência auditiva ter maior autonomia, independência social e cidadania. A política de educação inclusiva, adotada pelo Ministério da Educação, orienta os sistemas de ensino para garantia do ingresso dos estudantes com surdez nas escolas comuns, mediante a oferta da educação bilíngue, dos serviços de tradução e de interpretação de libras-língua portuguesa e do ensino de libras. De acordo com a diretora de políticas de educação especial da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, Martinha Clarete Dutra, o ensino da libras é parte do processo de organização do sistema de ensino inclusivo. "Para que a educação seja, de fato, um direito de todas as pessoas, é preciso que os sistemas de ensino identifiquem e atendam as especificidades educacionais dos estudantes”, disse a diretora. Para a efetivação da educação bilíngue, o Ministério da Educação desenvolve programas e ações, em parceria com os sistemas de ensino. O curso de formação inicial de professores em letras-libras para promover a formação de docentes para o ensino de libras foi instituído por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e mantém 18 polos. Em 2010, mais dois cursos foram criados pelas instituições federais de Goiás e Paraíba, nas modalidades presencial e a distância. O Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) criou o curso de pedagogia bilíngue libras-língua portuguesa para expandir a educação inclusiva. Ele conta com a matrícula anual de estudantes surdos e ouvintes. O Programa Nacional para a Certificação de Proficiência no Uso e Ensino da Libras e para a Certificação de Proficiência em Tradução e Interpretação da Libras-Língua Portuguesa (Prolibras) promove dois exames periodicamente. Um deles, voltado para o ensino médio e superior, certifica professores para a aplicação e o ensino da libras em sala de aula. Outro capacita profissionais em tradução e interpretação da libras. Até 2010, foram realizadas cinco edições do exame em todo território nacional e certificados 6.100 profissionais. O panorama da inclusão nas escolas comuns da rede pública vem se modificando. O número de matrículas de estudantes que formam o público alvo da educação especial em classes comuns passou de 28% em 2003 para 74% em 2011. No mesmo período, o número de escolas de educação básica com essas matrículas passou de 13.087 para 93.641. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article 8id=17703

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NÃO PODE SER NEUTRO

Autora: Izabel Macedo Ferreira O ILS sempre indaga: o que é interpretar certo? O ato interpretativo implica no modo de pensar certo do ILS, envolvendo um movimento dinâmico e dialético, entre o ato interpretativo e o pensar sobre a interpretação, pois, o só “saber sinais” aleatório, produz apenas uma interpretação ingênua. Uma vez que, a interpretação seja qual for o tema, uma pregação na igreja, uma palestra, uma reunião de negócios, traz no seu bojo marcas de seu olhar no mundo, sua opção política, seja ela qual for, de modo que se torna impossível o ILS ser neutro. A reflexão crítica sobre o próprio ato interpretativo torna-se uma exigência da relação entre o ILS e a comunidade surda sem a qual a interpretação pode ir virando blábláblá. É necessário, portanto que o aprendiz – intérprete quer seja sua formação, nos cursos oferecidos na igreja, na escola, ou na faculdade, desde o princípio de sua experiência formadora, assuma-se como sujeito que vai traduzir e produzir significados. O tradutor é aquele que vai traduzir e produzir significados, gerar formas recriadas na língua para a qual traduz. A tarefa neste caso é um refazer o texto numa outra voz; voz que faz ecoar as significações culturais que trabalham esta língua (ROSA, 2005, p.80) e se convença definitivamente que interpretar, não é apenas “fazer sinais”, mas criar possibilidades de contribuição no complexo jogo da tradução/interpretação.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Proposta obriga escolas a utilizar Libras com estudantes surdos

A Câmara dos Deputados analisa proposta que obriga as instituições de ensino públicas e privadas
a utilizar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) com todos os estudantes surdos em qualquer nível ou modalidade da educação básica. A medida está prevista no Projeto de Lei 2040/11, do Senado. Pela proposta, as escolas deverão contar com professores bilíngues, tradutores, intérpretes e profissionais de tecnologia de comunicação em Libras. Além dos alunos, também deverão ter aula de Libras seus pais e toda a comunidade escolar que conviver com esses estudantes. As regras sobre a oferta do ensino de Libras deverão ser definidas em regulamento específico, após a aprovação da lei. Segundo o autor da proposta, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o objetivo é facilitar a integração dos deficientes auditivos nas escolas e na sociedade. Tramitação O projeto, que tramita em regime de prioridade, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; Educação e Cultura; e Constituição e Justiça e de Cidadania antes de seguir para o Plenário. (Terra/Agência Câmara)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Alunos Deficientes

A maioria dos professores sabe que em uma sala de aula não há um aluno que seja idêntico a outro,

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Decreto 7611 assinado em 17/11/2011

O significado do Decreto 7611 assinado em 17/11/2011
O significado do Decreto 7611 assinado em 17/11/2011: Agora, com o Decreto 7611 de 17/11/2011 (que revogou o decreto 6571 de 2008), não existe mais obrigatoriedade de matricular a criança em escola comum com AEE. Agora as escolas bilíngues e as classes bilíngues serão mantidas; a Libras será mantida como língua de instrução, sendo o Português como segunda língua. Com isso, as escolas bilíngues para surdos não mais poderão ser fechadas por falta do repasse do Fundeb. Isso dissipa, de vez, a ameaça de fechamento das escolas bilíngues para surdos. Vitória de toda a comunidade surda, e da comunidade educacional de ouvintes antenados com os achados em ciência da educação de surdos. Agora é importantíssimo fazer a segunda parte: Capacitar os professores de surdos a empregar sistemas como Visual Phonics e Cued Speech para produzir um salto na qualidade ortográfica da escrita da criançada surda, bem como na sua habilidade de leitura orofacial. No Bilinguismo pleno a criança surda deve ser imersa em Libras desde a mais tenra infância e aprender conteúdo escolar em Libras e, a partir do último ano da ed. infantil até o último ano do ensino fundamental, aprender Português não só pela rota do significado (usando Libras e seus morfemas para empreender a análise morfêmica da estrutura das palavras em Português e compreender sua estrutura) como também pela rota do código (ancorando os grafemas nos fanerolaliemas, com auxílio de Visual Phonics). Agora sim que o trabalho pode começar!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

MINORIA SURDA QUE ESTUDA SAI DE SALA ESPECIAL PARA REGULAR

Isolados, os dados do Censo Escolar 2010 sobre os estudantes surdos são animadores: três quartos dos matriculados estavam incluídos em classes regulares, um aumento de 30% em relação a 2008. Quando comparados aos dados da população brasileira com deficiência auditiva como um todo, no entanto, os mesmo números mostram que os surdos estão longe de estar incluídos no sistema escolar.

A maior parte do crescimento de matrículas em escolas comuns representa uma diminuição dos estudantes em instituições especiais. Somados os dois tipos de ensino, o total de alunos surdos cresceu apenas 6% nos últimos dois anos e chegou a 70 mil.

A última contagem do IBGE conhecida sobre o assunto, do Censo 2000, mostrava que 5,7 milhões de brasileiros eram deficientes auditivos, 357 mil apenas na faixa etária de 5 a 14 anos - em que todos deveriam ser estudantes. Se o número for parecido em 2010, apenas um quinto destas crianças e adolescentes vão à escola ou são percebidos como – e recebem tratamento especial para – deficientes auditivos.

Para a professora e assessora da diretoria do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), Rita Nacajima, as escolas precisam ser mais atraentes para essa população.

A instituição de mais de 150 anos de história chegou a ser contrária à inclusão por achar que os deficientes auditivos não aprenderiam em classes com alunos ouvintes, mas acabou apoiando a política na esperança de expandir o total de pessoas atendidas.

"A gente entende o movimento de inclusão como necessário porque o Ines e todas as outras instituições especializadas não têm como dar conta de todos os surdos. Agora, é preciso trabalhar mais a recepção deste aluno na escola”, diz.

A barreira que separa a maioria dos surdos da vida escolar é a língua. Sem ouvir, a maioria não fala e a escrita não ganha significado. Em 2002, o Brasil oficializou a Língua Brasileira de Sinais (libras) para que estas pessoas falassem com as mãos. A língua é completa e permite a quem tem interlocutor o pleno desenvolvimento de todas as demais habilidades. Faltava quem traduzisse a linguagem oral da sala de aula para a visoespacial, que pode ser compreendida por eles.

Um decreto de 2005 estabeleceu que os "tradutores" viriam de duas formas. Pela aprovação em prova de proficiência anual em libras - aplicada a pessoas que já utilizavam a língua de sinais em outras atividades - e pela formação de educadores especializados. Segundo o Ministério da Educação, desde então já há 4.683 intérpretes de Libras atuando na educação básica, que abrange o ensino fundamental e médio.

"O problema é que não basta traduzir”, diz Rita. Como a maior parte das crianças surdas tem pais ouvintes, a Libras só é ensinada quando começam a frequentar escolas próprias. "Para aprender, as pessoas levam o mesmo tempo que para se comunicar em qualquer língua e, até então, não adianta traduzir de uma língua que eles não entendem para outra que ainda não sabem também”, explica.

As entidades reconhecem que houve algum avanço. Dados da Federação Nacional das Associações para Valorização de Pessoas com Deficiência (Fenavape) mostram que o número de surdos no ensino superior passou de mínimos 444 em 2007 para 1.895 em 2009.

Muitos cursam carreiras de docência e devem se tornar professores tanto de surdos quanto de ouvintes. "O mesmo esforço que hoje um aluno que não houve faz para entender as estratégias dos ouvintes deverá ser necessário para os ouvintes entenderem o professor surdo”, calcula Rita, completando: "e isso será a outra metade da inclusão.”

http://www.ig.com.br/

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Linguagem de sinais obrigatória nas escolas

A comunicação com os estudantes com deficiência auditiva em todos os níveis e modalidades da educação básica, nas escolas públicas e privadas, poderá ser obrigatoriamente feita por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

É o que prevê projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) aprovado ontem em Plenário e enviado para análise da Câmara dos Deputados.

O projeto inicial previa que a Libras seria componente curricular obrigatório, inclusive para os alunos ouvintes, mas emenda acatada restringiu essa obrigação apenas aos alunos surdos. Dessa forma, as escolas terão três anos, a partir da publicação da lei, para montar estrutura e ensinar Libras aos alunos surdos, que terão o direito de comunicar-se por meio desse sistema linguístico.

O texto aprovado diz ainda que as condições para a oferta de ensino de Libras serão definidas em regulamento dos ¬sistemas de ensino, que detalharão a necessidade de professores bilíngues, de tradutores e intérpretes e de tecnologias de comunicação em Libras. Também fica aberta a possibilidade de acesso da comunidade estudantil sem deficiência auditiva e dos pais de alunos com deficiência auditiva ao aprendizado de Libras.

Reconhecida por lei como meio de comunicação e expressão, a Libras pode ser ensinada nos cursos de professores para o exercício do magistério.

http://www.senado.gov.br/noticias/principal.aspx

sábado, 23 de abril de 2011

PROJETO REGULAMENTA PROFISSÃO DE PSICOPEDAGOGO

A Câmara analisa o Projeto de Lei 7855/10, do deputado Neilton Mulim (PR-RJ), que regulamenta a atividade de psicopedagogo.
A Câmara analisa o Projeto de Lei 7855/10, do deputado Neilton Mulim (PR-RJ), que regulamenta a atividade de psicopedagogo. Pela proposta, poderão exercer a profissão pessoas graduadas em psicopedagogia em instituições autorizadas; formadas em psicologia, pedagogia ou licenciatura que tenham especialização em psicopedagogia, com duração mínima de 600 horas e carga horária de 80% na especialidade; e portadoras de diploma de curso superior que já venham exercendo ou tenham exercido atividades profissionais de psicopedagogia em entidade pública ou privada.

O projeto é semelhante ao PL 3512/08, da ex-deputada Raquel Teixeira, que foi aprovado pela Câmara em dezembro de 2009 e atualmente aguarda votação no Senado (PLC 31/10).
Segundo a proposta de Neilton Mulim, são consideradas atividades e atribuições dos psicopedagogos:

- intervenção psicopedagógica que busque solucionar problemas de aprendizagem, com foco no indivíduo ou na instituição de ensino;
- realização de diagnóstico e intervenção psicopedagógica, por meio de instrumentos e técnicas próprios;
- utilização de métodos, técnicas e instrumentos psicopedagógicos amparados pelos preceitos básicos da multidisciplinaridade da área, com vistas a neurociências, psicologia, pedagogia e fonoaudiologia, entre outros;
- consultoria e assessoria psicopedagógicas, buscando identificar, compreender e analisar os problemas no processo de aprendizagem;
- apoio psicopedagógico aos trabalhos educacionais realizados em espaços institucionais;
- supervisão de profissionais em trabalhos teóricos e práticos de Psicopedagogia;
- orientação, coordenação e supervisão de cursos de Psicopedagogia; e
- direção de serviços de Psicopedagogia em estabelecimentos públicos ou privados.

Para o exercício da atividade, o projeto exige a inscrição do profissional em órgão competente ligado ao Ministério da Educação.

Hospitais
A proposta também pretende agregar a Psicopedagogia institucional à qualidade de humanização em pediatrias. "A atuação institucional do Psicopedagogo trará uma resposta considerável no processo de assimilação e desenvolvimento favorável em casos de internações de pacientes infantis por períodos prolongados”, afirma o deputado.

Os idosos também poderão ser atendidos pelos profissionais da área, em atividades preventivas de incapacidades psíquicas, cognitivas e emocionais, que protejam e preservem a maior independência e qualidade de vida.

"Estimular o raciocínio lógico com certeza motivará a produção de modificações nas estruturas cognitivas dos indivíduos, expandindo e potencializando a aprendizagem, aumentando a eficiência mental e melhorando a qualidade do desempenho intelectual”, conclui Neilton Mulim.

Infrações
O projeto lista uma série de atitudes que podem ser consideradas infrações disciplinares, como transgredir preceito de ética profissional; exercer a profissão indevidamente; praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime; descumprir determinações dos órgãos competentes depois de regularmente notificado; e deixar de pagar contribuições e taxas devidas ao órgão competente.

Essas infrações poderão gerar a aplicação de advertência, multa, censura, suspensão do exercício profissional por até 30 dias e cassação do exercício profissional.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:
PL-7855/2010 - http://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=485965




Fonte: Agência Câmara - Rodrigo Bittar

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Manual ajuda médico a se comunicar com paciente surdo

fonte: Folha de São Paulo
Dor de cabeça pode ser enxaqueca. Mas pode ser problema de vista ou dentário.




Se a queixa é de um surdo, a comunicação com o médico é complicada e o diagnóstico pode ser menos preciso.

O guia "Saúde em Libras" (Áurea, R$ 60), escrito pela dentista Claudia Barbosa Pereira e a radialista Andréa Iguma, pretende facilitar esse atendimento. "Não sabemos o que os surdos sabem sobre saúde", diz a dentista. "Ouvimos muito sobre doenças e cuidados; eles não", acrescenta Iguma.

O livro é todo ilustrado. Estão lá os principais gestos da linguagem de sinais. A primeira parte, básica, mostra o alfabeto e as saudações.

Nas páginas seguintes há representações de doenças e de procedimentos médicos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PAULO FREIRE, O LIBERTADOR

Para o que serve a Educação? Para ler corretamente? Para contar sem errar? Para escrever sem dificuldade? Muita gente pode achar que é apenas para isso, mas Paulo Freire acreditava que a Educação servia para muito mais. Para ele, mais que entender como somar, dividir ou decodificar os sons das letras, na Escola se deveria ganhar o passaporte para a dignidade.

Fundador da pedagogia da libertação, o filósofo e pedagogo pernambucano entrou para a história como o fundador de uma nova linha de pensamento em que lápis e livros tomam o lugar das ferramentas na luta por uma vida melhor. Nascido em uma família de classe média de Recife, em 19 de setembro de 1921, Paulo Reglus Neves Freire poderia ter levado uma vida de conforto, protegido dos males do mundo.

No entanto, quando tinha 8 anos, a crise desencadeada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, que levou ao período de depressão da década de 1930, apresentou ao menino bem nascido uma realidade comum a muitos brasileiros: a fome. Dizem que as experiências vividas na infância são para a vida toda. Com o garoto Paulo não foi diferente. Mesmo com a recuperação da economia, que levou sua família de volta à classe média, as marcas ficaram no seu modo de pensar.

Ao se formar em direito, pela Universidade de Recife, em 1946, o pensador decidiu que não seguiria a carreira. Decidiu tornar-se educador em uma Escola de ensino médio na periferia da cidade. Por se destacar como docente, acabou sendo nomeado chefe do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social de Pernambuco, cargo que lhe possibilitou realizar suas primeiras experiências na alfabetização de jovens e adultos.

"Até então, tudo que se tinha na área pedagógica era voltado para crianças, enquanto o número de adultos analfabetos no país só crescia e nenhum política era elaborada para esse público”, lembra Maria Madalena Torres, educadora popular do Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia.

Diante dessa realidade, o pernambucano iniciou os primeiros programas educacionais do país voltados exclusivamente para adultos. O resultado foi tão bom que, em 1961, Freire foi nomeado chefe do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no ano seguinte, desenvolveu um de seus trabalhos mais marcantes: criou um método que permitiu alfabetizar um grupo de 200 cortadores de cana-de-açúcar em apenas 45 dias.

A experiência bem-sucedida com os cortadores resultou no que é conhecido hoje como Método Paulo Freire. "Apesar do nome, não se trata de um método e sim de um complexo sistema no qual a Educação é instrumento de desenvolvimento do adulto”, conta Maria Madalena. O diferencial do instrumento freiriano foi aproximar educadores e metodologia da realidade do aluno, aumentando o interesse dos educandos e diminuindo drasticamente a evasão Escolar, um dos principais problemas da Educação de jovens e adultos (EJA) até hoje.

"Como ensinar uma pessoa que com a letra f se escreve foca se, provavelmente, ele nunca viu um animal desses?”, indaga a pedagoga. Por isso, no método criado por Paulo Freire, todo trabalho é baseado em palavras e situações próximas do cotidiano do educando. Outra preocupação é não infantilizar a Educação de adultos. "Até hoje, é muito comum utilizar na alfabetização de pessoas mais velhas palavras como pirulito, doce, brinquedo, que são ligadas ao universo infantil. Pelo método de Paulo Freire, essas expressões são ligadas a palavras mais adultas, como trabalho, salário, ferramenta, comida”, explica.

Consciência
Além da mudança metodológica que Paulo Freire trouxe para a Educação, sobretudo a de adultos, outra mudança fez seu trabalho ainda mais importante. "Ele revolucionou filosoficamente a maneira como encaramos a Educação, de simples ensinar, para uma forma de promover a liberdade do indivíduo”, conta o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Ex-ministro da Educação, Buarque trabalhou com o educador em dois momentos: na época de estudante universitário, participando dos projetos educacionais de Paulo Freire, e como reitor da Universidade de Brasília (UnB), quando Freire fez parte do conselho diretor da Fundação ligada à UnB.

Para Freire, ao aprender a ler e a escrever, o indivíduo se tornava mais consciente politicamente e socialmente, tendo melhores condições de lutar por seus direitos. Ele propunha uma pedagogia da libertação, ou pedagogia do oprimido. "Esse pensamento influenciou pedagogos do mundo todo, em especial de regiões mais pobres, como a América Latina e a África. Certa vez, em uma visita a El Salvador, encontrei, em um determinado local, um busto de Paulo Freire”, conta Cristovam Buarque.

A revolução que Paulo Freire provocou em algumas comunidades nordestinas acabou tomando proporções nacionais, e ele foi convidado pelo então presidente da República, João Goulart, para expandi-la para o restante do país. A iniciativa que poderia ter causado a erradicação do analfabetismo brasileiro, no entanto, teve uma vida curta. "Com o início do regime militar, todos os programas que ele conduzia foram cancelados. Se hoje temos 64 milhões de brasileiros sem ensino fundamental e 14 milhões de analfabetos é porque os projetos dele foram interrompidos”, acredita Maria Madalena Torres.

Preso e exilado pelo regime militar, que se incomodava com a influência marxista em sua obra, Paulo Freire permaneceu no exterior até os anos 1980, quando, beneficiado pela Lei da Anistia, pôde finalmente retornar ao país. Após seu retorno, fundou o instituto que leva seu nome e trabalha para divulgar suas idéias e seu trabalho. Em 2 de maio de 1997, morreu vítima de um ataque cardíaco em São Paulo. Em 2009, a Justiça Federal, no Fórum Mundial de Educação Profissional, realizado em Brasília, fez o pedido de perdão póstumo à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de reparação econômica. Para muitos especialistas, porém, o maior prejuízo foi do país, que se viu privado, durante anos, das ideias do educador.

http://www.correioweb.com.br/

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Escolas e pais não estão preparados para inclusão

Uma mordida em uma sala de aula em Brasília provocou nos últimos dias reações de indignação, tristeza, frustração e, principalmente, preocupação. Ao contrário do que se poderia esperar, a violência contra uma criança de seis anos não partiu de um colega, mas de uma educadora. A agressão, protagonizada por uma estagiária em treinamento para ser professora, alerta para uma realidade já conhecida por especialistas, mas pouco percebida pela maioria da sociedade: as escolas não estão preparadas para a inclusão.

O episódio ocorreu em uma escola particular de área nobre que há mais de 30 anos atende crianças que necessitam de atendimento diferenciado para aprenderem, como a criança agredida. Essa, aliás, foi a razão pela qual a família procurou a instituição há cerca de três anos. A experiência do colégio, no entanto, não foi capaz de impedir a grave situação.

Segundo relatos ouvidos pelo iG da família e na escola, a criança disputava alguns brinquedos com um colega, quando a professora auxiliar, que era estagiária, teria tentado impedir uma briga entre eles. O menino tentou se desvencilhar e mordeu o braço dela. No depoimento que deu à escola, a auxiliar confessou que não soube como agir, se desesperou e revidou a mordida. No rosto da criança.

A mãe, quando viu marca na bochecha do filho, pensou que fosse batom. Lavou. Passou demaquilante. Mas não saiu. Ao perguntar à criança o que tinha ocorrido, custou a acreditar no que ele dizia: a professora auxiliar havia o agredido. Desesperada, voltou à escola para saber o que tinha acontecido, se alguém havia visto algo. Saiu de lá com promessas de investigação e começou a vasculhar na memória comentários da criança sobre o colégio. "Ele já havia me dado diversos sinais de que não estava feliz”, recorda.

Para os especialistas, o caso exemplifica a falta de preparo das escolas e da sociedade para lidar com as diferenças. "O aluno ideal, que fica sentadinho e quietinho, sempre disponível para aprender, não existe. A inclusão desperta os educadores para a real função da escola: atender alunos diferentes, garantindo a todos o direito de aprender”, destaca Amaralina Miranda de Souza, coordenadora da área de educação especial inclusiva da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB).

"A maior parte dos colégios, infelizmente, não está pronta para a inclusão. Temos normas e diretrizes para promover a educação inclusiva, adequadas e avançadas, mas esse ainda é um desafio a superar”, ressalta César Callegari, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ele diz que os sistemas de ensino não tomaram providências para garantir esse direito.

Primeiro desafio: os professores
Os especialistas são unânimes em afirmar que, para garantir a inclusão plena das crianças que possuem necessidades especiais, a formação daquele que lida diretamente com elas, o professor, precisa mudar. A maioria dos docentes brasileiros não aprendeu durante a faculdade como trabalhar com os diferentes tipos de deficiências, síndromes e transtornos possíveis de acometer qualquer criança.

"Se todos os professores fossem capacitados para lidar com todas essas síndromes, ninguém jamais seria excluído. Mas eles não saem da faculdade preparados”, lamenta Antonia de Maria Soares, diretora da Escola Classe 114 Sul, em Brasília, que há 40 anos atende estudantes com necessidades especiais. Hoje, 10% do total de 345 alunos recebem atendimento diferenciado. A maioria deles é deficiente auditivo e acompanha as aulas por meio de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A diretora da escola em que a criança foi agredida admite que não é fácil encontrar profissionais capacitados e dispostos a enfrentar as dificuldades do ensino especial. Para superar essa dificuldade, o colégio faz treinamento com os profissionais contratados.

Até agora, a escola não havia vivenciado um caso de agressão contra uma criança. A diretora conta que já teve professor que pediu para sair da escola com menos de um mês de trabalho e outro que precisou ser demitido porque não conseguia se adaptar. A estagiária que agrediu a criança foi desligada na manhã seguinte à agressão, por justa causa. "Não poderíamos admitir esse tipo de reação. Mas não podemos crucificá-la. As crianças gostavam dela e não é fácil ser agredido também”, afirma.

Denise Machado Guimarães, coordenadora de ensino especial da Escola Classe 114 Sul, em Brasília, também lamenta que os professores sejam tão condenados quando "perdem a cabeça”. "Não podemos defender esse tipo de atitude, é claro. Mas julgamos situações que não conhecemos, dificuldades que não sabemos. O professor ainda é pouco ouvido nesse processo da inclusão pedagógica de crianças especiais”, pondera.

Amaralina de Souza acredita que a formação dos professores já melhorou em relação ao tema. Na UnB, por exemplo, os alunos do curso de pedagogia já frequentam duas disciplinas obrigatórias sobre educação especial. Até dois anos atrás, essa capacitação era optativa. Segundo a especialista, com a lei que garante o direito de matrícula de crianças com necessidades especiais em qualquer escola, o assunto se tornou indispensável. O próximo passo, na avaliação de Amaralina, é incluir o tema em disciplinas também dos cursos de licenciatura.

Escola pública X particular
Dos 387.031 alunos brasileiros portadores de necessidades especiais matriculados em classes inclusivas da educação básica em 2009, 95% estudavam na rede pública. A rede privada concentra a maioria das matrículas dos estudantes que frequentam escolas exclusivamente especializadas: 160 mil de um total de 199 mil. Por isso, para os especialistas, o sistema público de ensino está à frente do privado quando o assunto é inclusão.

"A rede pública, de modo geral, é mais aberta a todo mundo. As escolas particulares ainda estão engatinhando nesse processo”, afirma Denise.

Vivan Melcop, educadora e funcionária da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que tem um filho com 18 anos, conta que passou por dificuldades nas duas redes. O menino recebeu diferentes diagnósticos ao longo da vida: déficit de atenção, dislexia, hiperatividade. O fato é que ele não conseguia ler letras em itálico, por exemplo, e acabava tendo dificuldades para copiar exercícios do quadro, fazer provas.

"As escolas não entendiam que ele precisava de avaliações diferenciadas. É mais fácil para a escola olhar o aluno que tem comportamento diferente como preguiçoso e desmotivado”, afirma. Vivian conta que a escola pública foi mais compreensiva. Mesmo assim, critica os currículos massantes que não privilegiam quem pensa de forma diferente. "Hoje, na universidade, ele se encontrou. Está super feliz, estudando o que gosta”, garante. Ele estuda gestão do agronegócio na UnB.

Relação com as famílias: novo dilema
Para que as crianças com necessidades especiais se desenvolvam de forma plena, a parceria entre escola e família precisa ser estreita. Em muitos casos, são os pais quem identificam as necessidades da criança. Em outras, os professores. De toda maneira, não é fácil aceitar limitações e diagnósticos dos filhos.

"A gente diz que a família passa por um período de luto quando descobre a deficiência ou síndrome do filho”, conta a diretora da Escola Classe 114 Sul, Antonia Soares. A falta de conhecimento sobre o assunto já fez até com que as famílias trancassem os filhos deficientes em casa durante muitos anos.

O medo do estigma e da exposição excessiva das crianças que têm necessidade de atendimento diferenciado não ocorre em vão. No episódio de Brasília, houve pais que se posicionaram contra a família do menino agredido, com o argumento de que a criança "não era fácil”. "Meu filho foi vítima de agressão e agora querem culpá-lo? Ele se tornou vítima duas vezes”, lamenta a mãe. Para os especialistas, a reação extremada da monitora poderia ter ocorrido em qualquer momento, com qualquer criança.

Casos como esse, na avaliação da especialista da UnB, demonstram que escolas e famílias ainda precisam encontrar estratégias eficientes e montar redes de apoio para auxiliar de forma mais adequada crianças, pais, professores e a própria instituição. Pedagogos, psicólogos, médicos e fonoaudiólogos, por exemplo, têm de estar incluídos no processo. As famílias das outras crianças também.

"Quando um aluno especial tem reações agressivas, por exemplo, os pais das crianças que apanham dele se sentem muito incomodados. A escola precisa ajudar todos”, ressalta Denise Guimarães. Ela sugere a realização de palestras e encontros para explicar as diferentes síndromes aos pais.

"Tentar culpar alguém nesses casos, que é uma tendência social, não ajuda”, completa Amaralina. O importante, para ela, é encontrar maneiras de inserir a criança no ambiente escolar e repensar práticas para evitar novas histórias como essa.

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domingo, 21 de novembro de 2010

Profissão de intérprete de LIBRAS surgiu nas igrejas cristãs

Desde os anos 1980, as Igrejas protestantes são o principal reduto de formação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). É de lá que também surgem os primeiros pesquisadores sobre o assunto e, principalmente, a consciência da importância da comunicação com surdos por meio de sinais. É o que constata César Augusto de Assis Silva, cientista social e autor da tese de doutorado Entre a deficiência e a cultura: Análise etnográfica de atividades missionárias com surdos, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Segundo o pesquisador, a igreja foi a primeira instituição a promover esse tipo de educação, já que instituições laicas não abrangiam atividades para pessoas com deficiência auditiva. "Os protestantes (luteranos e batistas) foram os que tiveram atuação mais forte no trabalho missionário utilizando a LIBRAS porque trataram os sinais como uma linguagem que devia ser levada a sério. A igreja católica, que foi a primeira a promover a educação de surdos, historicamente prezou mais o ensino da oralidade, apesar de atualmente também utilizar sinais”, explica Assis Silva.

A partir desse pioneirismo das igrejas protestantes, surgiram os primeiros intérpretes e intelectuais dispostos a estudar a língua de sinais, que começaram a ocupar uma posição de grande relevância na relação entre surdos e não surdos, no movimento social, em instituições universitárias e no mercado. "Se uma pessoa com surdez quisesse reivindicar algo, falava com o intérprete, que fazia a tradução do que era dito. Essa foi uma das características que estimulou a atuação do intérprete como um profissional do mercado de trabalho”, diz o cientista social.

Atividade missionária
Analisando documentos históricos, dicionários e matérias de evangelismo, visitando ambientes com pessoas cristãs (igrejas, congressos e acampamentos) e entrevistando fiéis, pastores, padres, ativistas políticos, linguistas, pedagogos e intérpretes, Assis Silva notou que as atividades de evangelização com surdos desempenhavam um papel missionário muito semelhante às atividades de missões que são realizadas quando membros da igreja viajam para outros locais, a fim de levar o evangelho a outras culturas e outros contextos. "É possível entender essa atitude como uma tentativa de inserção no mundo das pessoas com surdez também, adaptando-se ao contexto delas. Isso foi realizado, sobretudo, pelos batistas”, conta o pesquisador.

Há uma terceira igreja cristã que também foi analisada pelo cientista social: as Testemunhas de Jeová. "Essa igreja fundou congregações específicas para surdos, onde todas as pessoas usam língua de sinais. Como a pregação também é feita dessa forma, não é necessária a atuação do intérprete, diferentemente de igrejas protestantes e da igreja católica”, diz Assis Silva.

A partir dessas congregações, o pesquisador também notou que há sinais específicos, adaptados para cada instituição. "Entre as testemunhas de Jeová, por exemplo, não há sinais como alma ou inferno, porque isso não faz parte das crenças dessa instituição. Para essas palavras, são feitos os sinais que representam carne e sepultura, respectivamente”. O cientista social diz que a palavra "cristão”, nas três instituições estudadas, são feitas de forma diferente, retratando o católico, a testemunha de Jeová e o crente (forma como se autodenomina o protestante).

Português para surdos
Assis Silva diz que as reivindicações políticas, desde os anos 1990, são pela promoção da educação bilíngue para pessoas com surdez. "De acordo com esse modelo de educação, a primeira língua que os surdos aprendem é a LIBRAS. O português deve ser aprendido como segunda língua”, explica.

O pesquisador conta que a mobilização pelo ensino e aprendizado da Língua Brasileira de Sinais está crescendo em todo o País. "Hoje há a cursos de graduação que formam tradutores e intérpretes em LIBRAS/português, bem como cursos de Letras LIBRAS. A conquista desse espaço é muito importante para a disseminação dessa língua e inclusão social de pessoas surdas”, diz.

Segundo Assis Silva, essas transformações vêm no bojo do reconhecimento legal da LIBRAS, por meio da Lei Federal 10.436, de 24/04/2002, regulamentada pelo Decreto Federal 5626, de 22/12/2005. Como o pesquisador demonstra em sua tese, agentes religiosos foram fundamentais para a consolidação dessa normatização jurídica da surdez.

Mais informações: email cesaraugustonet@yahoo.com.br

http://www.usp.br/agen/